Como substituir o ar condicionado? Estratégias passivas para combater o aquecimento global

Em um mundo que se prepara para triplicar o número de aparelhos de ar condicionado até 2050, surge uma questão crucial: estamos combatendo o aquecimento global ou apenas agravando o problema? Este é um chamado urgente para repensarmos nossa dependência desses dispositivos que, além de consumirem energia em uma escala exponencial, também aquecem nossas cidades.

Imagine: em dias de calor intenso, o uso massivo do ar condicionado pode elevar a temperatura urbana em até 2ºC, transformando nossos centros em verdadeiros fornos, e o acesso a essas tecnologias de resfriamento nem sempre é igualitário, deixando muitos à mercê do calor escaldante.

Então, surge a questão: o ar condicionado é o herói ou o vilão?

Enquanto proporciona conforto para alguns, causa desconforto para outros. É hora de repensar não apenas nossas tecnologias, mas também a forma como construímos nossas cidades.

Da preservação de áreas verdes à integração de materiais inteligentes em nossas construções, há soluções criativas ao nosso alcance. Uma das mais bem preservadas florestas urbanas da capital paranaense, o Bosque Reinhard Maack, foi cenário de um estudo realizado ao longo de três anos, pela Embrapa Florestas. No interior do bosque foi registrada uma média anual de 17,1ºC. No estacionamento, um pouco mais afastado, mas com presença de sombreamento de árvores, 19,7ºC. No local mais distante, em frente a um sobrado residencial, na esquina do bosque, 20,9ºC.

E há projetos inovadores, como a Escola Secundária de Lycee Schorge, um projeto do arquiteto burquinês Francis Kéré, que nos mostram como podemos usar materiais locais, tijolos que absorvem o calor durante o dia e o irradiam à noite e madeiras que fazem parta da composição de uma fachada secundária envolvendo as salas de aula como um tecido transparente e criando espaços sombreados para proteger os alunos das sufocantes temperaturas diurnas e evitar a necessidade de equipamentos de resfriamento.